Inicialmente pensado como Album de família, a obra de Josué Guimarães, Enquanto a noite não chega, comove leitores desde sua publicação, em 1978.

Protagonizada por uma casal de velhinhos, a história é atravessada pela lembrança de um passado que ainda persiste na memória do casal – dos filhos que já morreram, da cidade que não existe mais, de uma vida que já não pode ser vivida. A cidade não é a mesma de antes: resta apenas o casal e o coveiro, que somente aguarda a morte dos velhos para abandonar a cidade, que desaparecerá do mapa. 

Fonte: ALJOG/UPF

“Os dois não quiseram partir, debaixo daqueles escombros jazem lembranças, o imaginário álbum de família composto por reminiscência que os distraem”

                                         (Autores gaúchos: Josué Guimarães)

O álbum de família, herança desse passado, é revisitado diariamente pelo casal, que evoca lembranças dos filhos e netos.

“A morte não assustava nenhum deles, e só não falavam sobre ela por uma questão de pudor, porque os filhos haviam morrido, os netos, os primos, os irmãos, até aquela cidade morrera aos poucos, numa agonia lenta mas bem visível […]” (Enquanto a noite não chega, p. 36)

Tudo o que resta ao casal é esperar que o dia chegue. E, enquanto isso, os leitores são presenteados com uma narrativa curta, triste e bela, sobre a efemeridade da vida e o que é levado dela: a memórias que ficam fotografadas para sempre na memória.